
Naquela noite, em Boston, compartilhei a

O alojamento da universidade ficava abandonado nos fins de semana. Não havia sequer uma lanchonete aberta. Minhas amigas tinham saído, deixaram o carro alugado comigo, mas esqueceram de deixar o GPS. Na tarde de sábado, passei a sentir enjôo e dor de cabeça. Ao me ver sozinha, o mal estar evoluiu para um princípio de pânico. Surtei achando que faria mal para o bebê eu não ter tomado nem café da manhã até as 15h. Também tive medo de ter causado algum problema ao bebê por ter andado por várias horas a pé com alguns colegas do curso no dia anterior. Tentava ligar em casa e nada. Celular do marido, nada.
Quando finalmente consegui falar com o Ri, com a ajuda do meu pai que o localizou na festinha de aniversário do nosso sobrinho Pedro, ele chorava de um lado, eu do outro. Como eu queria abraçá-lo. Quando reclamei que estava sozinha, ele disse uma das coisas mais lindas que já ouvi: “Amor, você precisa ficar calma. Pense comigo: você não está sozinha. Você está com o nosso bebezinho”. Engoli o choro na hora. Uma grande força brotou dentro de mim, me arrumei, peguei a chave do carro, um mapinha meia-boca que havia sobrado por ali e saí perguntando nos sinais como chegar ao centro de Boston. Conversar com ele mudou a minha tarde. No centro, uma hora depois, almocei um prato americanóide que daria para dois ou três. F
ui andar pela cidade sem rumo certo e sorria até para o poste de tão feliz. Comprei outro teste e só voltei para o alojamento à noite. Na manhã seguinte, colhi a primeira urina e fiz nova checagem. Positivo, again. Putz, putz, putz! Naquele domingo, ainda faltavam dez dias para chegar em casa. Confesso que não foi fácil manter a mesma concentração na segunda metade do curso. O sono conspirava contra. Acordada, não conseguia parar de fazer planos.
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