segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Pré-Natal

Comecei o pré-natal com a médica que já me atendia há seis anos. Meu marido foi comigo na consulta e achou que ela era exagerada. De fato, era mesmo, apesar de ficar repetindo o tempo todo o insuportável clichê “gravidez não é doença”. Por conta de um regime em que eu havia emagrecido 20 quilos, estava viciada em academia, mas a médica proibiu os exercícios que eu costumava fazer. Só autorizou hidroterapia a partir do terceiro mês. E, segundo ela, tinha que ser no Hospital Santa Joana. Além disso, ela insistiu para que eu retomasse a terapia. Sobre as maternidades, ela fez restrições a praticamente todas de São Paulo, deixando apenas duas opções (as mais caras).

Mudei de médica no terceiro mês. Após ouvir várias amigas, optei por uma do convênio. Nessa nova médica, as consultas eram burocráticas. Check list: peso, pressão, circunferência da barriga, batimentos do bebê. Ok? Ok! Tudo em menos de 20 minutos. Desde o início, deixei claro que gostaria de fazer parto normal, mas os comentários dela eram evasivos. Tive pressão alta durante uma consulta. Foi fácil corrigir. Cortei totalmente o sal por uma semana e a pressão nunca mais subiu. Mesmo assim, a médica me tratava como se esse problema tivesse persistido. Após engordar um pouco acima da média aceita por aquela médica, fui encaminhada para o exame de tolerância à glicose para checar se não havia diabetes gestacional. O procedimento exige 12 horas de jejum e coleta de sangue de hora em hora, durante três horas. Fiz. Estava na 26ª semana. Foi terrível. Algumas semanas depois, descobri que o procedimento não tem valor algum antes da 30ª semana, quando o teste ainda traz o “retrato” de antes da gestação.

Um encontro casual do meu marido com uma colega de faculdade mudou o rumo do pré-natal. Essa amiga é uma grande entusiasta do parto natural e passou mais de uma hora falando com ele sobre sua própria experiência. Quando ele me contou, quis falar com ela. Marcamos um encontro e passamos três horas ouvindo seu relato.

Foi aí que comecei a frequentar as palestras de quinta-feira no Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (GAMA). Ali, comecei a conhecer as várias desculpas que os médicos criam para fazer cesárea. Na consulta seguinte com minha médica, resolvi testá-la. Perguntei se ela fazia muitos partos normais. Ela respondeu que só não fazia mais porque as pessoas não queriam. Perguntei então quanto tempo ela esperaria, caso eu não tivesse dilatação depois do início do trabalho de parto. “Umas quatro horas”, ela disse. “Passando disso, a gente induz. Se não der, fazemos cesárea”. Pronto. Já não havia mais dúvidas: se continuasse a fazer o pré-natal com ela, era bem provável que terminaria numa cesárea. Ela definitivamente não parecia comprometida com minha intenção de fazer parto normal.

No dia 23 de dezembro de 2008, fui à minha primeira consulta com a doutora Andréa Campos. Foi uma hora de consulta esclarecedora. Eu e meu marido saímos bem mais confiantes. Finalmente, na terceira médica, eu senti que teria o parto da forma como eu queria: de forma natural, sem intervenções que não fossem absolutamente necessárias, e com uma equipe humanizada.

Em janeiro, entrei na lista Materna. Comecei a pesquisar mais e a conhecer pessoas que tinham conquistado o que eu queria. Além disso, li o livro Quando o Corpo Consente. Com tudo isso, já não temia a dor, não temia passar de 40 semanas de gestação, não temia nó de cordão, bolsa rota e bebê pélvico, entre outras coisas. Nada nem ninguém tiraria da minha cabeça que eu seria capaz de parir.

Meu pré-natal evoluiu bem tranquilamente. Optamos por não saber o sexo do bebê e só fiz os ultrassons que realmente precisavam ser feitos, tomando muito cuidado para que nenhum médico acabasse com a surpresa do sexo.

Um comentário:

  1. Querida!!!
    Cada vez sou mais orgulhosa de tê-los como amigos!!! Gostaria de ter tido a opção do parto normal, batalhei muito por isso...mas é difícil ir contra o coro dos médicos...O sentimento de impotência diante da "ditadura da cesárea" é muito grande...mas, felizmente, passa. Fico feliz que um pedacinho de mim - a bata multicolorida - viveu a expectativa de um parto natural!!!
    Beijos no coração!
    Joice

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